sábado, 18 de novembro de 2017

Resumo de aula (09/11/2017) - Pedagogia da Autonomia (Cap. 3)



Dando continuidade aos diálogos a respeito de Pedagogia da Autonomia, de Paulo Freire, porém sem a intenção de encerrar as discussões a seu respeito, a aula do dia 9 de novembro se baseou no terceiro e último capítulo da obra, intitulado "Ensinar é uma especificidade humana".

O primeiro ponto destacado foi a autoridade na docência. Há inevitavelmente uma diferença cognoscente entre professor e aluno e é justamente essa diferença que permite o processo educativo, não devendo, portanto, ser negada ou omitida. Contudo, ela não deve se opor à liberdade do aluno, necessária ao seu processo de tomada de decisões, para que ele aprenda a fazer escolhas e a se responsabilizar pelas consequências dessas escolhas. Nas palavras de Paulo Freire (1996, p. 105) “a liberdade amadurece no confronto com outras liberdades”. A decisão é, então, um processo responsável.

A liberdade traz autonomia. Ou seja, a necessidade do exercício de poder, relacionado à autoridade, diminui à medida que a autonomia do aluno é ampliada graças à sua liberdade. E para que a autonomia do aluno seja trabalhada, é preciso que o professor a trabalhe primeiramente em si mesmo. Os alunos percebem quando o professor não possui autonomia, noção de seu posicionamento ideológico no processo educativo. O exercício da liberdade supõe um grau de responsabilidade, que é imenso, mas que precisamos assumir para que tenhamos autonomia.

Paulo Freire apresenta, em toda a obra, o conceito de autenticidade, isto é, a coerência entre o que é dito e o que é feito. Por isso, não podemos negar que a educação é um ato político, uma forma de intervenção no mundo, porque é uma prática social. E na vida em sociedade não é possível não ter posicionamento político, pois se assim vivemos é devido ao processo de sociabilidade que constitui nossa humanização; o processo político que torna os seres humanos em seres sociais.

Na discussão a respeito do item “ensinar exige querer bem aos educandos”, foi pontuada dificuldade que o professor tem de expressar sua afetividade e o senso comum de que a seriedade docente e a amorosidade são incompatíveis, opostas. E na verdade elas não são. A amorosidade apresentada por Paulo Freire não deixa de lado a autoridade docente, caso contrário o aprendizado poderia até ser interrompido. Isso não significa que o professor tem que se afastar e ser apático ao aluno, mas é preciso que fique claro a posição e a função do professor na prática educativa. É preciso notar que afetividade ocorre quando a prática docente afeta o aluno, e não é necessariamente positiva. O grande problema é quando o professor não afeta o aluno, a indiferença, o não causar nada.

Através do processo educativo é possível, e necessário, visar a emancipação do aluno, para que ele tenha elementos para enfrentar as desigualdades, as opressões, e lutar por uma sociedade menos injusta. A educação exige depositar esperança no educando, acreditar que ele tem suas possibilidades, que ele é capaz de causar mudanças. Além disso, essa prática requer também a luta pelo respeito, pelo direito de ser respeitado. É necessário estar disposto a ouvir. Se não há escuta do outro, não há outro, não há consideração de que o outro é sujeito. A educação bancária é mais fácil, porque não é comprometedora nem autêntica, características tão necessárias ao processo educativo para que ele promova boas mudanças.

A didática, isto é, a forma de trabalhar o conteúdo no processo ensino-aprendizagem, passa primeiro pela ética, pelas escolhas que são feitas pelo educador. Assim, a didática de um professor está relacionada a sua postura ética. Não podemos falar em didática sem falar em formação humana do professor. As Categorias Freirianas (ética, criticidade, autonomia, amorosidade, liberdade, desconstrução, esperança etc.) são conceitos que nos permitem refletir nossa prática como educadores e, por isso, são essenciais ao estudo da Didática.


Referência:
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 40ª reimpressão. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

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