domingo, 8 de outubro de 2017

Resumo - Concepções sobre a Avaliação Escolar

No dia 2 de outubro fomos informados que não haveria aula por motivos alheios à vontade da professora. Porém, deveríamos realizar a leitura do artigo indicado e elaborar um resumo.

Leitura de Referência: CHUEIRI, Mary Stela Ferreira. Concepções sobre a Avaliação Escolar. Estudos em Avaliação Educacional, v. 19, n. 39, jan./abr. 2008.


RESUMO
Avaliações são comuns em nossas atividades, sejam realizadas informalmente nas opções cotidianas ou formalmente na tomada de decisões. No contexto escolar, ocorre como prática sistematizada com objetivos que refletem valores sociais, iniciando, permeando e concluindo o processo pedagógico. Ela é determinada por conceitos de ensino e aprendizagem que fundamentam a prática pedagógica. Portanto, não é uma atividade neutra, sendo estruturada segundo uma ideologia política e epistemológica.
A avaliação é intrínseca ao sentido atribuído ao conhecimento, devendo ajustar-se a ele segundo a base que a sustenta. Assim, pode-se pressupor que como prática escolar a avaliação, além de não ser uma atividade neutra, ocorre por meio de intencionalidade dos envolvidos. O professor, como avaliador, atribui um significado à avaliação e ao seu próprio papel a partir de suas concepções de mundo e de educação.

São apresentadas quatro categorias de análise da relação entre concepções pedagógicas e os significados de avaliação.
Examinar para avaliar 
Os exames e provas escolares são utilizadas como práticas avaliadoras a partir do século XVI na chamada “Pedagogia Tradicional”, na qual avaliação e exame são equivalentes. Elas podem remeter aos colégios católicos da Ordem Jesuítica e às escolas protestantes do século XIV, havendo também registros de sua utilização na China há 3.000 a.C. para selecionar homens para o exército. A prática dos exames tem seu ápice na ascensão social da burguesia, que recorreu aos estudos para tal feito. Contudo, a utilização de exame admissional no serviço público contribuiu para a democratização do Estado e na configuração de uma sociedade meritocrática. Ao longo do século XIX, com o desenvolvimento da produção capitalista, há uma multiplicação dos exames e diplomas, evidenciando uma relação entre o Estado e o saber da sociedade civil.
Atualmente, exames escolares são amplamente utilizados em vez de avaliação de aprendizagem, configurando uma “Pedagogia do Exame” que reforça a cultura do exame como avaliação. Em sala de aula, deveria predominar a avaliação diagnóstica para acompanhamento e reorientação da aprendizagem.
Medir para avaliar
A avaliação como medida teve seu início no século XX nos Estados Unidos, com o desenvolvimento de testes padronizados para medir habilidades e aptidões dos alunos, paralelamente ao desenvolvimento, na Psicologia, de testes psicológicos e de inteligência. Seu auge se deu com a “Pedagogia Tecnicista”, cuja concepção de aprendizagem é referenciada na psicologia comportamental, que considera que a aprendizagem pode ser quantificada.
A avaliação é vista como forma de quantificar comportamentos predefinidos, sendo reduzida à medida, que, por sua vez, consiste na atribuição de um número a um comportamento de acordo com uma regra considerada aceitável. Essa ideia está enraizada na mente dos professores e dos próprios alunos, implicando uma confiabilidade da prova como instrumento de medida e desconsiderando a subjetividade do avaliador.
Avaliar para classificar ou para regular
Tradicionalmente, a avaliação na escola associa-se à comparação entre os alunos e à classificação hierárquica dos mesmos, além de ter a função de certificação do conhecimento “que é necessário saber”, fornecendo pouca informação a respeito das competências adquiridas.
Nossas práticas de avaliação são atravessadas pelas lógicas formativa e somativa. A somativa relaciona-se ao que é demonstrado pelo aluno em situações predefinidas e materializa-se na nota, apoiando-se assim em uma concepção classificatória. Já a formativa preocupa-se com o processo de apropriação dos saberes pelo aluno, tendo a função de contribuir para uma boa regulação da atividade de ensino. Na prática, a diferença entre elas reside na posição do professor diante delas.
Avaliar para qualificar
A partir da década de 1960, desenvolvem-se enfoques de avaliação alternativos como crítica aos modelos anteriores, surgindo o interesse na avaliação denominada “qualitativa”, que visa compreender o significado de produtos complexos. A avaliação quantitativa é centrada na compreensão dos processos de aprendizagem.
A abordagem quantitativa não é suficiente para a reconstrução global da práxis avaliativa por ter de sintetizar todo o processo em um conceito ou número, apesar de representar um avanço. Tanto a concepção quantitativa quanto a qualitativa não considera a dimensão social e mantem o sujeito individualizado. Ambas conservam a concepção de que o aluno deve-se harmonizar a determinadas condições.

As diferentes concepções epistemológicas que fundamentam a prática de avaliação convivem em um mesmo contexto escolar e relacionam-se com as mudanças que ocorrem em relação às concepções de educação que orientam as práticas pedagógicas desde que a escola foi instituída como espaço de educação formal. A implementação de políticas educativas, aliada a uma atuação pedagógica atenta a conflitos, contradições, fissuras, fragmentos, vozes que constituem o panorama escolar, poderá dar novos sentidos à práxis da avaliação.

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