No dia 2 de outubro fomos informados que não haveria aula por motivos alheios à vontade da professora. Porém, deveríamos realizar a leitura do artigo indicado e elaborar um resumo.
Leitura de Referência: CHUEIRI, Mary Stela Ferreira. Concepções
sobre a Avaliação Escolar. Estudos em Avaliação Educacional, v. 19,
n. 39, jan./abr. 2008.
RESUMO
Avaliações
são comuns em nossas atividades, sejam realizadas informalmente nas opções
cotidianas ou formalmente na tomada de decisões. No contexto escolar, ocorre
como prática sistematizada com objetivos que refletem valores sociais,
iniciando, permeando e concluindo o processo pedagógico. Ela é determinada por
conceitos de ensino e aprendizagem que fundamentam a prática pedagógica.
Portanto, não é uma atividade neutra, sendo estruturada segundo uma ideologia
política e epistemológica.
A avaliação é
intrínseca ao sentido atribuído ao conhecimento, devendo ajustar-se a ele
segundo a base que a sustenta. Assim, pode-se pressupor que como prática escolar
a avaliação, além de não ser uma atividade neutra, ocorre por meio de
intencionalidade dos envolvidos. O professor, como avaliador, atribui um significado
à avaliação e ao seu próprio papel a partir de suas concepções de mundo e de
educação.
São
apresentadas quatro categorias de análise da relação entre concepções
pedagógicas e os significados de avaliação.
Examinar
para avaliar
Os exames e provas
escolares são utilizadas como práticas avaliadoras a partir do século XVI na
chamada “Pedagogia Tradicional”, na qual avaliação e exame são equivalentes.
Elas podem remeter aos colégios católicos da Ordem Jesuítica e às escolas
protestantes do século XIV, havendo também registros de sua utilização na China
há 3.000 a.C. para selecionar homens para o exército. A prática dos exames tem
seu ápice na ascensão social da burguesia, que recorreu aos estudos para tal
feito. Contudo, a utilização de exame admissional no serviço público contribuiu
para a democratização do Estado e na configuração de uma sociedade
meritocrática. Ao longo do século XIX, com o desenvolvimento da produção
capitalista, há uma multiplicação dos exames e diplomas, evidenciando uma
relação entre o Estado e o saber da sociedade civil.
Atualmente,
exames escolares são amplamente utilizados em vez de avaliação de aprendizagem,
configurando uma “Pedagogia do Exame” que reforça a cultura do exame como
avaliação. Em sala de aula, deveria predominar a avaliação diagnóstica para
acompanhamento e reorientação da aprendizagem.
Medir para
avaliar
A avaliação
como medida teve seu início no século XX nos Estados Unidos, com o
desenvolvimento de testes padronizados para medir habilidades e aptidões dos
alunos, paralelamente ao desenvolvimento, na Psicologia, de testes psicológicos
e de inteligência. Seu auge se deu com a “Pedagogia Tecnicista”, cuja concepção
de aprendizagem é referenciada na psicologia comportamental, que considera que
a aprendizagem pode ser quantificada.
A avaliação é
vista como forma de quantificar comportamentos predefinidos, sendo reduzida à
medida, que, por sua vez, consiste na atribuição de um número a um
comportamento de acordo com uma regra considerada aceitável. Essa ideia está
enraizada na mente dos professores e dos próprios alunos, implicando uma
confiabilidade da prova como instrumento de medida e desconsiderando a subjetividade
do avaliador.
Avaliar
para classificar ou para regular
Tradicionalmente,
a avaliação na escola associa-se à comparação entre os alunos e à classificação
hierárquica dos mesmos, além de ter a função de certificação do conhecimento “que
é necessário saber”, fornecendo pouca informação a respeito das competências
adquiridas.
Nossas
práticas de avaliação são atravessadas pelas lógicas formativa e somativa. A
somativa relaciona-se ao que é demonstrado pelo aluno em situações predefinidas
e materializa-se na nota, apoiando-se assim em uma concepção classificatória.
Já a formativa preocupa-se com o processo de apropriação dos saberes pelo aluno,
tendo a função de contribuir para uma boa regulação da atividade de ensino. Na
prática, a diferença entre elas reside na posição do professor diante delas.
Avaliar
para qualificar
A partir da
década de 1960, desenvolvem-se enfoques de avaliação alternativos como crítica
aos modelos anteriores, surgindo o interesse na avaliação denominada
“qualitativa”, que visa compreender o significado de produtos complexos. A
avaliação quantitativa é centrada na compreensão dos processos de aprendizagem.
A abordagem
quantitativa não é suficiente para a reconstrução global da práxis avaliativa
por ter de sintetizar todo o processo em um conceito ou número, apesar de
representar um avanço. Tanto a concepção quantitativa quanto a qualitativa não
considera a dimensão social e mantem o sujeito individualizado. Ambas conservam
a concepção de que o aluno deve-se harmonizar a determinadas condições.
As diferentes
concepções epistemológicas que fundamentam a prática de avaliação convivem em
um mesmo contexto escolar e relacionam-se com as mudanças que ocorrem em
relação às concepções de educação que orientam as práticas pedagógicas desde
que a escola foi instituída como espaço de educação formal. A implementação de políticas
educativas, aliada a uma atuação pedagógica atenta a conflitos, contradições,
fissuras, fragmentos, vozes que constituem o panorama escolar, poderá dar novos
sentidos à práxis da avaliação.
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